domingo, 9 de novembro de 2014

Pesquisa americana comprova que o amor é cego

Pesquisa feita nos Estados Unidos comprova que o cérebro dos apaixonados aciona um tipo de mecanismo que faz com que eles desviem o olhar de pessoas muito bonitas
Silvia Pacheco – Estado de Minas
Que a paixão e o amor deixam as pessoas sorrindo à toa e meio aéreas todo mundo sabe. Mas cientistas da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, descobriram que o estado de graça pode ir muito além: o amor torna o cérebro humano incapaz de prestar atenção em pessoas bonitas. Sim, a paixão é mesmo capaz de “cegar”, deixando os olhos do apaixonado insensíveis aos encantos de terceiros.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores mediram a atenção de 113 homens e mulheres que foram expostos a várias fotos de pessoas, algumas reconhecidamente bonitas, outras nem tanto. Antes de olhar para as fotos, porém, parte dos voluntários teve de escrever um pequeno texto falando sobre o amor que sentia por seu parceiro, enquanto os demais fizeram uma redação sobre a felicidade de uma maneira geral. A outra metade fez uma redação genérica sobre felicidade.
Em seguida, com os olhos sendo monitorados por uma câmera e um computador, os participantes foram expostos às imagens. Aqueles que haviam escrito sobre o quanto gostavam de seus companheiros tendiam a ignorar as imagens das pessoas mais bonitas. “Seus olhos simplesmente não se fixavam sobre as fotos”, descreveu Maner no trabalho, ressaltando que essa rejeição só ocorreu com as imagens dos mais belos. Quando a foto era de uma pessoa de aparência comum, os apaixonados não desviavam o olhar.
Segundo os cientistas que trabalharam na experiência, essa reação ocorre porque, quando as pessoas pensam em amor, seu neocórtex (capa de neurônios que recobre os lóbulos frontais do cérebro) passa a repelir pessoas muito atraentes, que têm mais chances de fazer essas pessoas traírem seus parceiros. “Pessoas atraentes do sexo oposto evocaram respostas de autoproteção automáticas nos participantes que mantinham relacionamentos heterossexuais com compromisso”, afirmou Maner. Outra observação foi que, entre os homens, esse mecanismo antitraição foi quatro vezes mais forte do que nas mulheres.
Para o psicólogo Aílton Amélio da Silva, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em relações amorosas, esse mecanismo detectado na pesquisa norte-americana é resultado do processo evolutivo e pode ter a função de ajudar os machos da espécie a se manterem monogâmicos. “Há muitos benefícios evolutivos em uma relação monogâmica e o organismo leva isso em conta.” Um deles seria a manutenção da prole. De acordo com o psicólogo, a tarefa do casal não é apenas procriar, mas criar os filhos.
“A união do casal voltada somente para procriação é coisa de quando o homem vivia da caça e da coleta de alimentos,  no qual os descendentes demoravam cerca de 11 anos para se tornar independentes. Com a evolução, a natureza criou mecanismos para manter o casal unido durante um bom tempo para cumprir a tarefa de manter essa prole.” 
O pesquisador da USP explica também que o relacionamento amoroso depende de vários mecanismos que restringem a percepção humana. “Ao dedicarmos nossa atenção a uma pessoa com a qual estamos envolvidos, a percepção a respeito das outras pessoas fica prejudicada, diminuída.” É o fato de o apaixonado superestimar o amado e, com isso, imaginar que não conseguirá outra pessoa melhor. Porém, se não fosse essa percepção, toda relação seria muito estável. “A pessoa se envolveria com a outra e continuaria exposta a outros relacionamentos, pulando de galho em galho”, afirma Silva.

http://newspressrelease.wordpress.com/2010/04/03/pesquisa-americana-comprova-que-o-amor-e-cego/

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